A Revolta dos Barrilheiros; Uma Erupção de Raiva Contra as Restrições Mercantis e o Peso Impositivo na Galiza do Século XVIII

O século XVIII foi um período tumultuado na história da Espanha, marcado por transformações sociais, econômicas e políticas profundas. Neste contexto agitado, a Galiza, região tradicionalmente ligada à pesca e ao comércio marítimo, testemunhou uma série de protestos que reverberaram pelas ruas e praças, desafiando o poder estabelecido. Dentre estes eventos, destaca-se a Revolta dos Barrilheiros, um levante popular que irrompeu em 1766, motivado por uma combinação de fatores, incluindo a restrição comercial imposta pela coroa espanhola e o peso excessivo da tributação.

A Espanha do século XVIII era um reino enredado em burocracia, regido por leis mercantilistas que buscavam centralizar o controle sobre o comércio colonial. A Galiza, com sua rica tradição pesqueira e comercial, sofria sob essas restrições, sendo obrigada a vender seus produtos apenas através de canais específicos e pagar altas taxas alfandegárias. Os barrilheiros, artesãos responsáveis pela fabricação de barris para o transporte de peixe salgado – produto crucial na economia regional –, viram suas fontes de renda ameaçadas pela política mercantil espanhola.

A gota d’água para a revolta foi a introdução de novas taxas sobre os barris, uma medida que agravou ainda mais as dificuldades dos barrilheiros. A população, já descontente com as restrições comerciais e a carga tributária excessiva, se mobilizou em resposta à nova imposição.

Causas da Revolta:

• Restrições Mercantilistas: As leis mercantilistas espanholas limitavam o comércio livre da Galiza, obrigando os pescadores a vender seus produtos através de canais específicos e pagar taxas exorbitantes.
• Impostos Excessivos: A coroa espanhola impunha pesados impostos sobre diversos produtos, incluindo os barris fabricados pelos artesãos gallegos, impactando diretamente sua renda.
• Descontentamento Popular: As medidas econômicas da coroa geraram grande insatisfação entre a população galiega, que sentia-se explorada e privada de oportunidades econômicas.

A Revolta dos Barrilheiros iniciou-se em 1766 com protestos pacíficos em A Coruña, principal cidade portuária da Galiza. Os barrilheiros se uniram aos pescadores e comerciantes locais para manifestar seu descontentamento, exigindo a revogação das novas taxas sobre os barris e o fim das restrições mercantilistas.

A resposta inicial do governo espanhol foi de repressão. Soldados foram enviados para dispersar os manifestantes, utilizando força bruta contra a população revoltada. No entanto, a violência apenas aumentou a fúria dos gallegos, levando a uma escalada de confrontos entre rebeldes e forças governamentais.

Em resposta à repressão, a Revolta dos Barrilheiros se espalhou por toda a Galiza. Milhares de pessoas se uniram aos protestos, atacando quartéis militares, incendiando edifícios públicos e bloqueando as principais vias de comunicação. A revolta se caracterizou por sua intensidade e pela participação maciça da população, que demonstrava uma profunda insatisfação com o regime espanhol.

Consequências da Revolta:

• Repressão e Violência: O governo espanhol utilizou a força bruta para reprimir a revolta, levando à morte de muitos rebeldes.
• Mudanças Econômicas: A revolta levou a uma reavaliação das políticas mercantilistas espanholas na Galiza, com algumas concessões sendo feitas aos barrilheiros e aos pescadores locais.

A Revolta dos Barrilheiros foi um evento importante na história da Galiza, revelando as tensões sociais e econômicas que se escondiam sob a superfície do reino espanhol. A revolta demonstrava o poder da mobilização popular, mostrando como grupos marginalizados poderiam desafiar o poder estabelecido quando suas necessidades e interesses eram ignorados. Apesar de sua violenta repressão, a Revolta dos Barrilheiros deixou um legado duradouro na memória da Galiza, inspirando futuras gerações a lutarem por seus direitos e pela justiça social.

Tabela Comparativa:

A Revolta dos Barrilheiros serve como um lembrete poderoso do impacto das políticas econômicas sobre as comunidades. É uma história que ressoa até os dias de hoje, mostrando o poder da luta coletiva para provocar mudanças e garantir a justiça social.